Presidente do TSE abre seminário que discutirá fake news nas eleições 2018

O evento é uma parceria entre o TSE, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Comitê Gestor da Internet.

Fórum Internet e Eleições

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“Hoje temos uma realidade de uso constante da Internet como arma de manipulação do processo político. E isso vem crescendo rapidamente, com a utilização, cada vez maior, das chamadas fake news. E essa é a realidade com que teremos de lidar e combater no ano que vem”, disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, nesta quinta-feira (7), na abertura do I Seminário do Fórum Internet e Eleições – Um desafio Multidisciplinar.

No entanto, para Gilmar Mendes, é preciso deixar claro que esse fenômeno não é novo. “A criação de notícias falsas para prejudicar adversários em disputas políticas sempre existiu”, explicou.  Segundo o presidente do TSE, a programação do seminário vai traçar um panorama atual das diversas questões que permeiam a relação entre Internet e eleições e, para isso, buscou reunir profissionais e autoridades de diversas áreas para refletir particularidades sobre o tema.

Na avaliação do presidente do TSE, muitos foram os casos de fake news na história da democracia do país, antes mesmo do advento da Internet. “A prática é uma estratégia antiga dos marqueteiros, que sabem que a recepção de conteúdo pelos seres humanos é seletiva e que, por isso, precisam adaptar o discurso de seus candidatos para elevar seu alcance e, em última instância, conseguir votos.  A diferença é que, com a Internet e as redes sociais, a disseminação dessa informação passou a ser mais rápida, mais fácil, mais barata e em escala exponencial”, comentou.

De acordo com o presidente, a Justiça Eleitoral e os demais entes públicos não podem negar a entender essa realidade, “ainda mais no momento em que vivemos a revolução da informação. Uma era em que todos têm acesso a quase todas as informações”, disse o ministro.

Diante desse cenário extremamente conectado e interativo que alcança mais de 3 bilhões de pessoas nas redes sociais, Mendes falou que “vivemos num mundo em transição. São muitas novas fronteiras. Tanto para o Direito Eleitoral quanto para a comunicação. E nós devemos estar preparados para isso e participar ativamente desse processo. Nessa nova trajetória, no entanto, temos como aliados antigas armas da humanidade: o bom-senso, a noção de ética e respeito ao próximo, bem como, sobretudo, o senso de justiça e de legalidade”.

Parcerias

Também na abertura do evento, o ministro de Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab, afirmou que o TSE está no rumo certo ao debater temas como esse. “Estamos aqui, através do Comitê Gestor da Internet (CGI), dando uma contribuição que será permanente. O Comitê é uma instituição de excelência, que conta com uma infraestrutura adequada e que se renova. Por isso, essa parceria com a Justiça Eleitoral é fundamental para que o Brasil seja protagonista no uso de tecnologias na gestão pública”, disse.

Para o chefe do MCTIC, o Brasil pode se tonar um exemplo ao fazer frente àquilo que não é saudável na utilização da tecnologia nas eleições. “Todos nós sabemos os avanços que a tecnologia proporcionou, mas agora temos que fazer os enfrentamentos até por conta da celeridade das decisões, das possibilidades que existem. Nós temos acompanhado eleições no mundo inteiro, e não tem sido diferente no Brasil”, avaliou ao afirmar que vai sugerir ao CGI que defina uma área com vistas a estudar permanentemente o assunto para dar a sua contribuição permanente à Justiça Eleitoral.

O coordenador da CGI, Maximiliano Martinhão, por sua vez, explicou que o comitê gestor é um grupo multissensorial de especialistas em Internet formado por representantes dos setores governamentais, empresarial, acadêmico e do terceiro setor. Essa organização do comitê gestor, segundo ele, pensada há mais de 20 anos, deve-se à Internet, que faz com que a natureza dos seus desafios seja articulada pelos diferentes atores que cuidam do desenvolvimento da rede.

Na ocasião, Martinhão explicou ainda que, no início da Internet, previu-se que o acesso direto e descomplicado à informação levaria a uma era em que o conhecimento seria equalizado através da rede, e que todos tomariam decisões melhores e seriam mais bem informados. “Dessa forma, com ações governamentais regulamentais e políticas, o Brasil ultrapassou a marca de 120 milhões de pessoas conectadas sendo, hoje, o quarto no ranking de pessoas conectadas, atrás dos EUA, Índia e China”, disse.

De acordo com o especialista, com o avanço de tecnologias móveis, computadores portáteis, tablets e smartphones, criou-se um ambiente interativo ideal que ingressa irreversivelmente no cotidiano.  “Hoje a Internet é a principal fonte de informação de boa parte da população e, por suas características técnicas, tem sido peça fundamental na formação da opinião pública”, falou ele.

Diante disso, o coordenador da CGI revelou que “na próxima campanha eleitoral, candidatos e partidos farão o uso da Internet para fazer com que suas mensagens e propostas cheguem até os eleitores. Muitos dos embates entre planos de governos, propostas políticas, transparência e ética acontecerão nesse ambiente, fazendo com o que o espaço do debate político criado por provedores de aplicações de conteúdo independente da Internet se consolide cada vez mais como parte importante da esfera pública”.

Contudo, para ele, “a falta de uma procuradoria aumenta a demanda por um senso crítico daqueles que consomem as noticias e informações da Internet, como vemos todos os dias nas redes sociais, estamos expostos constantemente a fake news e opiniões que nelas se ancoram. Vivemos em um mundo de pós-verdade onde diversos estudos que comprovam que fatos pouco contribuem para mudar opiniões apresentadas na rede”.

Fórum Internet e Eleições

O seminário de hoje é o primeiro do Fórum Internet e Eleições, que prosseguirá nos dias 12 e 13 de dezembro (sendo o último dia destinado a um workshop com reuniões reservadas). O evento tem como objetivo discutir as novas regras eleitorais e a influência da Internet nas Eleições de 2018, em especial o risco das fake news e o uso de robôs na disseminação das informações.

O  evento de hoje foi dividido em quatro sessões e debaterá alguns temas como “Fake News, Mídia e Eleições”, “Propaganda Eleitoral e Bots”, “Arrecadação de campanhas via Internet” e “Redes Sociais, identidade e anonimato”, entre outros. Acompanhe as discussões pelo canal do TSE no YouTube.

Confira a programação completa do Fórum Internet e Eleições.

IC,GA/DM

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