Seminário Internacional: desinformação se combate com cooperação entre empresas, imprensa, cidadãos e Estado

Painel de encerramento do evento reuniu representantes de plataformas digitais e instituições estrangeiras

Seminário Internacional Fake News – Painel Redes Sociais e Plataformas Digitais

Coibir a proliferação de desinformação nas redes sociais e nas demais plataformas digitais, especialmente em um ano eleitoral como o presente, é um desafio difícil, mas que pode ser enfrentado de forma mais efetiva por meio da cooperação entre as empresas, a imprensa e o Estado. Outra arma eficaz no combate às fake news é o cidadão bem informado e consciente.

Essas foram as principais conclusões dos palestrantes do último painel do Seminário Internacional sobre Fake News realizado hoje (21) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em parceria com a União Europeia. O evento reuniu, em Brasília, especialistas no tema, brasileiros e estrangeiros, que falaram para um público de mais de 150 pessoas.

A diretora do Facebook Monica Rosina falou sobre os desafios que a rede social tem enfrentado para garantir a integridade da plataforma, por meio da remoção de contas falsas, da redução de conteúdo de baixa qualidade e enganoso, e dos investimentos na informação/educação de seus usuários.

Para Rosina, essa tarefa deve ser cumprida sem tolher a liberdade de expressão do usuário. “A gente entende que as notícias falsas não ajudam na nossa missão [de criar comunidades e aproximar as pessoas]. Mas quando falamos de notícias falsas, estamos falando de uma esfera de difícil precisão, de muita subjetividade”, destacou a palestrante.

Segundo ela, o Facebook tem desenvolvido diversas ações para facilitar a identificação, por parte do cidadão comum, dos servidores de órgãos públicos e dos jornalistas, de conteúdo enganoso compartilhado na internet.

Também presente ao debate, o diretor de relações governamentais da Google Brasil, Marcelo Lacerda, disse que tentativas de enganar os internautas “sempre existiram e sempre vão existir”, não havendo solução única para o problema. “É impossível você pensar numa bala de prata que vai dar fim e resolver esse desafio”, afirmou, destacando a necessidade de mais investimentos na educação midiática e no fortalecimento de um jornalismo de qualidade.

Além das iniciativas da Google Brasil - projetos de educação para a checagem da veracidade das notícias e de alfabetização midiática para eleições e os treinamentos para jornalistas –, Lacerda salientou a importância da união entre os diversos setores da sociedade para o combate à desinformação. “É preciso trabalhar em conjunto para encontrar soluções para a questão do conteúdo enganoso. Iniciativas como este seminário são um bom exemplo disso”, concluiu.

Imprecisão conceitual

O jornalista científico italiano Gianluca Liva, integrante da Science Writers in Italy (SWIM) e da Associazione Factcheckers, alertou para o uso inadequado da expressão fake news para se referir ao compartilhamento deliberado de desinformação na internet. Segundo ele, a expressão fake news “é reducionista e não descreve a complexidade do tema”, uma vez que a desinformação abrange, entre outros, notícias sabidamente inverídicas, informações manipuladas e conteúdos genuínos que são inseridos em contextos falsos.

Liva também salientou a relevância de as escolas implementarem mecanismos para promover a conscientização dos cidadãos desde a educação básica em relação ao que eles leem, com a finalidade maior de promover informação e não compartilhar conteúdo enganoso. Por iniciativa da SWIM e da Associazione Factcheckers, disse, isso já tem sido feito em algumas instituições de ensino, por meio de jogos que estimulam a verificação, pelos alunos, de determinadas informações.

David Fernández, engenheiro informático e responsável pelas ferramentas tecnológicas da instituição espanhola Maldita.es, também advertiu o público presente ao evento sobre o perigo de classificar qualquer conteúdo de baixa qualidade como fake news. E, dessa forma, o termo mais apropriado seria “desinformação”, isto é, informações falsas, incorretas ou enganosas compartilhadas para causar danos públicos ou econômicos.

Segundo o engenheiro, é fundamental aumentar a competência dos cidadãos para que eles passem a pensar criticamente para avaliar as informações que recebem, inclusive as divulgadas por familiares. Nesse sentido, na opinião de Fernández, os países devem criar leis mais transparentes e priorizar o fornecimento célere das informações para que os cidadãos prefiram recorrer aos veículos de informação oficiais, reduzindo a disseminação de conteúdos prejudiciais ao bom debate.

Palavras de encerramento

“[As fake news] são um tema extremamente espinhoso, que está na ordem do dia. O ministro Luiz Fux, no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral, tem chamado a atenção para esse fenômeno da desinformação, que é uma preocupação mundial”, disse o secretário-geral do TSE, Carlos Eduardo Frazão, ao proferir as palavras de encerramento do seminário. 

Ele citou algumas eleições no âmbito da União Europeia em que a questão da desinformação gerou prejuízo para a formação de um voto com qualidade, um voto consciente por parte dos cidadãos, e pôde impactar no resultado de um pleito. “A eleição nos Estados Unidos também é um case famoso em que a desinformação contribuiu em alguma medida para o resultado do certame”, lembrou.

De acordo com Frazão, é possível sistematizar a diretriz de combate ao ambiente de desordem informacional em algumas grandes frentes, entre as quais a adoção de políticas de educação digital e de conscientização informacional junto à sociedade civil, além de estratégias de inteligência, respeitadas as garantias constitucionais e os direitos de privacidade dos cidadãos. Um outro modo, segundo ele, é o acionamento da Justiça Eleitoral, por meio de representações por propaganda que podem resultar na retirada de circulação do conteúdo falso veiculado.

LC, JP/LR


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