Brasília 55 anos: história de grandes conquistas eleitorais
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No ano em que Brasília completa 55 anos de fundação, os brasilienses também comemoram 29 de conquista do exercício da cidadania por meio do voto direto.
Quando inaugurada, em 1960, a Capital Federal era uma instância de organização do poder político, que não tinha seus próprios representantes. No entanto, naquele ano, 21.842 eleitores regularmente registrados no Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) foram às urnas para participar das eleições presidenciais. O período democrático durou até 1963, quando o país entrou em um período de exceção (1964 a 1985).
Durante quase 30 anos, os eleitores de Brasília foram praticamente excluídos da participação direta e efetiva da vida nacional. A retomada do regime democrático se deu com a aprovação da Emenda à Constituição n° 25/1985, concedendo ao Distrito Federal o direito de eleger seus representantes para Câmara e Senado, fato consumado em 1986.
Antes disso, apenas os eleitores de outras unidades da Federação que moravam na Capital iam às urnas para escolher os candidatos dos seus respectivos estados. Tal prática era uma espécie de voto em trânsito, pois os cidadãos com títulos de outros locais podiam votar nas seções espalhadas por Brasília. “As comunidades dos estados de origem eram muito grandes e o número de votos daqui era capaz de eleger um candidato de outro estado”, lembra o jornalista Sérgio Oliveira, que saiu do Rio de Janeiro para morar em Brasília.
A população era composta, em sua maioria, por imigrantes vindos dos quatro cantos do país com o intuito de trabalhar na construção do DF, além dos servidores transferidos para as novas sedes dos órgãos públicos.
Recadastramento eleitoral de 1985
Em 1985, foi realizado um recadastramento eleitoral com os quase 70 milhões de eleitores brasileiros. “O processo do recadastramento nacional foi um trabalho heroico. Limpou o cadastro, tirou o eleitor fantasma, as duplicidades”, lembrou o ex-ministro do TSE Roberto Rosas.
Naquela época, o recadastramento já foi realizado de forma eletrônica e o número de inscrição era único para todo o território nacional. O armazenamento em meios informatizados trouxe facilidades no relacionamento com cartório eleitoral e para a emissão de novos títulos. Em 1986, foi concluído o recadastramento e, nas eleições daquele ano, o eleitor já votou utilizando sua nova e controlada forma de identificação.
Segundo Ane Cajado, historiadora do TSE, “o recadastramento geral do eleitorado foi um marco dentro da própria história de informatização do voto”.
Eleições de 1986
Em 1986, com a formação da primeira bancada federal, o Distrito Federal elegeu sua representação política. Eram oito vagas para deputado federal e três para senador, em um universo de exatos 732.780 eleitores.
Valmir Campelo foi o primeiro candidato eleito em Brasília como deputado federal, em um universo de 200 candidatos. “Era uma campanha corpo a corpo. Reuníamos-nos nas casas das pessoas. Eu dizia o que já tinha feito nas cidades que havia administrado, as funções que eu tinha exercido em Brasília e as minhas propostas”, conta o político.
Ele recorda ainda que houve uma grande mobilização da sociedade durante as eleições, pois a partir daquele momento os brasilienses exerceriam sua representatividade política.
DF como unidade da Federação
A Constituição Federal de 1988 deu outro tratamento para o Distrito Federal ao consolidá-lo como unidade da Federação. “Em função da grande quantidade de pessoas que vieram morar em Brasília, a cidade se tornou de fato um centro urbano que exigia uma participação maior, tanto na vida política nacional, quanto nas decisões locais”, explicou Ane Cajado.
Isso aconteceu de fato em 1989, quando os brasilienses e eleitores com domicilio eleitoral em Brasília passaram a escolher o governador e deputados distritais. “Foi uma eleição plenamente em um regime democrático, com uma aspiração de realização e de desejo”, disse o ex-ministro Roberto Rosas.
Perfil do eleitorado do DF
Hoje, o Distrito Federal possui 1.897.677 eleitores, o que representa um acréscimo de aproximadamente 150% no eleitorado desde 1986.
As mulheres representam 54,32% e os homens 45,67% desse universo. A média de idade está entre 25 e 34 anos, o que corresponde a 25% do eleitorado.
O DF lidera o ranking de eleitores com maior grau de instrução no país. São 466.336 cidadãos com nível superior completo, mais de 24% dos votantes.
O recadastramento biométrico já foi totalmente finalizado. Nas eleições de 2014, 99,87% dos eleitores da Capital Federal estiveram aptos para serem identificados biometricamente.
Confira abaixo a tabela de evolução do eleitorado no Distrito Federal desde 1960:
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Eleições Eleitorado Tipo de eleição
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1960 23.564 Presidente da República
1963 44.086 Referendo Sist. de Governo
1986 733.112 1ª Eleição p/ Senado e Câmara
1989 857.330 Presidente da República
1990 893.659 2ª eleição p/ Senado e Câmara
1993 908.429 Plebiscito
1994 1.062.247 Eleições gerais1998
1998 1.267.925 Eleições gerais
2002 1.524.793 Eleições gerais
2005 1.580.206 Referendo do Desarmamento
2006 1.654.192 Eleições gerais
2010 1.836.280 Eleições gerais
2012 1.847.896 Eleições municipais
2014 1.897.677 Eleições gerais
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FP/JP