Ministra Cármen Lúcia: inteligência artificial pode ampliar desigualdade de gênero

Presidente do TSE alertou sobre o impacto da tecnologia na propagação de discursos de ódio contra mulheres e democracia

Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE - Ministra Cármen Lúcia participa do XXV Congresso da FIFCJ -...

Durante a sua participação nesta terça-feira (27) no XXV Congresso da Federação Internacional das Mulheres da Carreira Jurídica (FIFCJ, na sigla em francês), a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, alertou para o uso da inteligência artificial (IA) na propagação de discursos de ódio.   

Ao falar sobre o tema no evento “Inteligência Artificial e as Questões de Gênero”, a ministra alertou para o uso das tecnologias que põe em risco a igualação de oportunidades para mulheres na política e em outros espaços da sociedade.   

“No ano passado, nas Eleições de 2024, várias prefeitas com mais de 80% de aprovação, que poderiam se candidatar à reeleição, desistiram porque o que se plantava contra elas — a violência e os efeitos exponenciais de uma campanha de desmoralização — era enorme”, acrescentou a ministra.  

A magistrada afirmou que o fenômeno de "viralizar" é reflexo de uma fragilidade intelectual, emocional e pessoal que leva as pessoas a deixarem de pensar criticamente, acolhendo e repassando informações sem questionamento.  

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“É uma mentira que pode destruir uma pessoa, uma candidatura, uma política pública. É preciso que a gente mantenha o prumo. Não me preocupo com a inteligência artificial, eu me preocupo com a desinteligência natural”, destacou a ministra.  

A presidente do TSE acrescentou ainda que, para iniciar qualquer debate sobre igualdade, tecnologia e verdade factual, é necessário começar pelo papel de cada mulher — e de cada pessoa — na construção de uma democracia autêntica no Brasil. “Não há democracia sem igualdade de gênero, uma vez que é por meio da igualdade que se garante o respeito à dignidade.”.  

Mulheres no setor jurídico 

A presidente da Associação Brasileira de Mulheres da Carreira Jurídica e da FIFCJ, Manoela Gonçalves Silva, ressaltou que a inteligência artificial é treinada com base em dados, os quais refletem a realidade do mundo atual — marcada por desigualdades, preconceitos e exclusões.  

Segundo estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 37 milhões de empregos no Brasil estão sob risco de automação com o avanço da inteligência artificial generativa. Esse impacto é especialmente desproporcional para as mulheres, em especial para aquelas que atuam em áreas como administração, serviços financeiros, educação e setor público. 

“No campo jurídico, que é o nosso foco, apesar do número crescente de mulheres nas faculdades de Direito e nos quadros da advocacia, da magistratura e do Ministério Público, os espaços de decisão e poder ainda não refletem essa presença de forma proporcional”, destacou Manoela.

XXV FIFCJ

O XXV Congresso da Federação Internacional das Mulheres da Carreira Jurídica (FIFCJ) acontece de 27 a 30 de maio, na Associação Médica de Brasília (AMBr).  Com o tema central “Inteligência Artificial e Gênero: Múltiplos Olhares”, o congresso reúne especialistas, profissionais do Direito, pesquisadoras e pesquisadores para debater os impactos das novas tecnologias nas questões de gênero e na sociedade contemporânea.  

AN/EM/FS 

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