A manhã do segundo dia do Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação (TPS) 2021 foi marcada por avanços nos planos de ataque apresentados pelos investigadores, já familiarizados com o ambiente de testes. A sexta edição do TPS teve início na tarde dessa segunda-feira (22) e está prevista para terminar no próximo dia 26, com possibilidade de prorrogação, em caso de necessidade.

Evento fixo do calendário eleitoral, o teste é realizado desde 2009 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) preferencialmente nos anos anteriores ao das eleições. Nesta edição, cada grupo de inscritos tem à disposição uma urna eletrônica modelo 2015 (UE 2015) e dois computadores. Um deles equipado com o Subsistema de Instalação e Segurança (SIS), utilizado na instalação dos aplicativos de preparo da urna para o pleito, e outro com ferramentas de apoio que os participantes julgarem necessárias para obter sucesso nas investidas contra a votação eletrônica.

JE Connect

O JE Connect, sistema criado pela Justiça Eleitoral para fazer a transmissão dos resultados da eleição de forma segura, entrou na mira de pelo menos seis dos 29 ataques aprovados pela Comissão Reguladora do TPS. Na opinião do chefe da Seção de Voto Informatizado do TSE (Sevin/TSE), Rodrigo Coimbra, a escolha do alvo pode ser por familiaridade tecnológica.

“O JE Connect tem outra tecnologia, usa [linguagem] python e um [sistema] Linux quase que padrão. Então, me parece que é mais fácil para as pessoas começarem a enxergar alguma possibilidade de ataque”, disse.

Planos executados

Entre as táticas em fase inicial de execução, duas delas parecem estar mais adiantadas que as demais por se tratar de ofensivas voltadas à estrutura física das urnas eletrônicas. A equipe formada por Carlos Alberto da Silva e Ian Martinez Zimmermann gravou as instruções por áudio, um recurso de acessibilidade disponível para auxiliar pessoas com deficiência visual na hora da votação. A expectativa, segundo o chefe da Sevin/TSE, é de que a dupla consiga realizar a transmissão sem fio do áudio capturado nos próximos dias.

A ideia, contudo, não é nova e já foi colocada em prática por participantes de edições anteriores do TPS. “Esse mecanismo não está ativo o tempo todo. Então não adianta você plugar algo na urna e esperar que grave a votação de todos os eleitores, porque o áudio só é ativado para os eleitores que realmente precisam”, observou.

O quinteto gaúcho formado pelo professor e coordenador do curso de Ciência da Computação da Faculdade Meridional (IMED), Marcos Roberto dos Santos, e pelos alunos Adroaldo Leão Souto Júnior, Gabriel Sordi Damo, Juliano Ribeiro Poli e Vinícius Borges Fortes diz estar bem próximo de concluir o primeiro dos dois ataques planejados.

Eles acoplaram uma espécie de “capa” em cima do teclado da urna para registrar de forma clandestina os números digitados pelo eleitorado. De acordo com o professor que lidera o grupo de estudantes, a meta é violar o sigilo do voto ao mapear as teclas pressionadas por cada eleitora ou eleitor no dia da eleição.

“Para criar o invólucro, usamos um software para fazer a modelagem em 3D e implementamos em uma impressora 3D. A gente que desenvolveu toda a proposta”, explicou o docente.

O próximo passo é testar o funcionamento do keylogger “não intrusivo” – o dispositivo instalado pelos especialistas com a finalidade de identificar os votos dos eleitores – e tentar transmitir os dados armazenados por ele para um servidor em nuvem.

Sobre o TPS

O objetivo é fortalecer a confiabilidade, a transparência e a segurança da captação e da apuração dos votos, além de propiciar melhorias no processo eleitoral. O Teste contempla ações controladas para identificar vulnerabilidades e falhas relacionadas à violação da integridade ou do anonimato dos votos de uma eleição.

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BA/CM, DM

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