Série Inclusão: sede do TSE oferece estrutura acessível para pessoas com deficiência

Tribunal, que conta com 23 servidores com deficiência, busca ampliar os recursos para garantir o conforto e a segurança dos públicos interno e externo

TSE acessibilidade em 24.09.2020

A quarta reportagem da Série Inclusão, produzida pela Assessoria de Comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que o edifício-sede da Corte não é apenas uma fachada bonita de vidro abraçando três cúpulas brancas – marca do arquiteto Oscar Niemeyer. O Tribunal é um órgão que está sempre em evolução no que se refere à inclusão e à acessibilidade, buscando ampliar os recursos que promovam a igualdade de condições para as pessoas com deficiência que por ali trabalham ou transitam.

Márcio Caixeta é um dos 23 servidores da Casa que se declararam com deficiência e é admirador confesso do Tribunal. Ele relata que teve poliomielite aos dois anos de idade e tem dificuldade de locomoção desde então. Antes de tomar posse no TSE, em 2010, já havia trabalhado em outros órgãos públicos.

“Este é o melhor lugar onde já trabalhei, em termos de acessibilidade. Ainda há aspectos nos quais se pode melhorar, mas aos poucos vamos implementando outros mecanismos”. Há três anos, ele, que também é membro da Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (CPAI) do TSE, passou a utilizar o quadriciclo elétrico (scooter) disponibilizado pelo Tribunal.

Além do veículo, o TSE adota outras medidas para a promoção da acessibilidade para servidores, colaboradores e estagiários, bem como para visitantes com deficiência. Entre elas estão: estacionamento com vagas exclusivas e de fácil circulação; rampas de acesso ao prédio principal, ao anexo, aos auditórios e ao Plenário – onde há espaços reservados na plateia e na tribuna para advogados cadeirantes fazerem sustentações orais; atendimento prioritário para pessoas com Transtorno do Espectro Autista; pisos táteis percorrendo vários caminhos no prédio; balcões de informação com altura adequada para atendimento de pessoas com deficiência; totens de informações em Braile; e banheiros adaptados.

Os números de todas as salas estão escritos também em Braile, e os elevadores recentemente passaram a contar com mais tempo de abertura das portas, para propiciar que pessoas com limitações físicas possam entrar confortavelmente e no seu tempo.

“O TSE está empenhado e alinhado com as medidas mais atuais para permitir a acessibilidade às pessoas com deficiência e estamos com projeto para implementação de portas deslizantes maiores, para facilitar o acesso às dependências do Tribunal”, afirma Marco Vargas, coordenador da CPAI.

O Tribunal conta ainda com a participação de quatro jovens com deficiência intelectual em um projeto de inclusão firmado com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) desde 2013. As tarefas desempenhadas consistem na revitalização de documentos antigos e na higienização de arquivos da Biblioteca do Tribunal.

O projeto busca dar a esses jovens não só autonomia financeira como também oportunidade para que tenham contato social e possam se desenvolver de maneira independente, focando em suas potencialidades. Atualmente, devido às medidas de prevenção contra a Covid-19, os jovens estão afastados de suas tarefas.

Legislação

Desde a publicação do Estatuto do Servidor Público (Lei nº 8.112/1990) e da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), a legislação tem evoluído bastante para proporcionar condições iguais de desenvolvimento do trabalho para esse público.

Carla Santoro, servidora do TSE desde 1996, foi pioneira na solicitação de adequações nas regras do Tribunal para o tratamento de pessoas com deficiência conforme a legislação. Ela solicitou horário especial para atender às suas necessidades e relata que, antes de obter o benefício, tinha tendinites recorrentes no ombro, no cotovelo e no punho esquerdo, o único que ela utiliza para digitar, além de ter tido agravada uma lesão degenerativa no quadril. Isso levou a servidora a 18 meses de atestado ao longo de mais de 24 anos trabalhando no TSE.

"Hoje, com o horário especial, minhas dores diminuíram consideravelmente e tenho muito mais tempo para fazer fisioterapia e musculação”, afirma.

Além da redução na jornada de trabalho, Carla foi também a primeira pessoa com deficiência a entrar com pedido de aposentadoria. Pelo fato de ter sido precursora na luta pela aplicação dos direitos à inclusão e à acessibilidade, ela conta que havia, inicialmente, muito desconhecimento por parte de servidores sobre como proceder para a obtenção dos benefícios.

“Como antes de mim nenhum servidor com deficiência havia solicitado aposentadoria, o processo foi um pouco mais difícil. Na época, tinham acabado de realizar curso de capacitação para a junta médica avaliar o grau de deficiência das pessoas”, conta. A experiência, entretanto, deixou o Tribunal mais preparado para amparar pessoas em condições semelhantes.

Enquanto não se edita nova lei complementar, está em vigor, ainda que transitoriamente, a LC nº 142/2013, que estabelece diferentes tempos de contribuição necessários, conforme a gravidade da deficiência (grave, moderada e leve), variando de 25 a 33 anos para homens e de 20 a 28 anos para mulheres. A aposentadoria por idade para a pessoa com deficiência é de 60 anos para homens e de 55 para mulheres, independentemente do grau, desde que tenham cumprido com o mínimo de 15 anos de contribuição.

Teletrabalho

Em março deste ano, em razão da pandemia de Covid-19, os servidores e colaboradores que desempenhavam atividades que pudessem ser realizadas mediante teletrabalho foram liberados para trabalhar de suas casas. Márcio Caixeta afirma que a medida o beneficiou muito já que sua maior dificuldade hoje é o trajeto para chegar ao TSE. Morador de Formosa (GO), cidade do entorno do Distrito Federal localizada a cerca de 80 quilômetros do edifício-sede, ele afirma precisar de transporte público.

“Tenho minha vaga especial para pessoas com deficiência, mas não tenho carro. Quando conseguia carona, ainda assim passava 3 horas e meia do meu dia no trânsito”, relata. Segundo ele, o trabalho remoto trouxe nova possibilidade para desempenhar seu trabalho com conforto.

Essa opinião é compartilhada por Carla Santoro: “Mesmo com toda a estrutura e me levantando para caminhar, eu sentia dor no braço e no quadril durante o expediente presencial. O teletrabalho tem sido uma benção, porque assim consigo me deitar e ficar mais confortável. Também passei a ter autocontrole sobre meu trabalho e pude me organizar melhor”.

A Resolução do Conselho Nacional de Justiça nº 230/2016 prevê ainda prioridade para pessoas com deficiência com relação ao trabalho em home office permanente, caso exista no Tribunal, ainda que não haja relação com a pandemia. Essa prioridade se estende aos servidores que tenham cônjuge, filho ou dependente com deficiência.

A matéria desta sexta-feira (25) da Série Inclusão vai trazer o depoimento do marido de uma colaboradora do TSE sobre acessibilidade para o eleitor.

MG/LC, DM

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