No Dia Internacional da Checagem de Fatos, TSE alerta: verifique a procedência de conteúdos na internet
Data é comemorada neste domingo (2), logo após o Dia da Mentira, com mobilização nas redes sociais da Corte Eleitoral

Ânimos acirrados, discussões acaloradas, agenda movimentada e uma verdadeira corrida contra o tempo. Não é novidade que as eleições sempre são marcadas pelo clima de competitividade entre candidatas e candidatos. No entanto, nos últimos anos, um elemento extremamente danoso ao debate democrático foi adicionado à costumeira tensão eleitoral. Ataques infundados ao sistema eletrônico de votação passaram a integrar o rol de mentiras disseminadas no período de campanha e tornaram a Justiça Eleitoral (JE) um dos principais alvos da desinformação. Para enfrentar as notícias falsas, a JE buscou novas formas de se comunicar com o eleitorado, difundindo informações de qualidade sobre o voto informatizado.
#DesinformaçãoNão
O resultado dos esforços de combate às fake news que envolvem o processo eleitoral está sendo divulgado neste domingo (2), Dia Internacional da Checagem de Fatos. Para comemorar a data, os perfis do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Instagram, Facebook, LinkedIn, Kwai, TikTok (@TSEJus) e Twitter (@TSEJusbr) anunciam o saldo das ações de combate à desinformação e utilizam a hashtag #DesinformaçãoNão, como forma de chamar a atenção de eleitoras e eleitores sobre a importância de conferir a veracidade dos conteúdos recebidos pela internet antes de compartilhá-los.
As publicações apresentam números que retratam a produção textual, digital e audiovisual do TSE nos últimos anos, após a explosão de fake news observada nas Eleições Gerais de 2018.
Quando ele chegou, “era tudo mato”
Não por acaso, a celebração da checagem de fatos ocorre logo depois do Dia da Mentira. Mas, ao contrário do que muitas pessoas pensam, a desinformação não é um assunto novo. Há pouco mais de 20 anos, um jovem bastante curioso já investigava o que havia por trás das correntes enviadas por e-mail.
Com o incentivo de amigos, que reencaminhavam os conteúdos suspeitos recebidos pelo correio eletrônico, Gilmar Lopes passou a verificar as histórias que povoavam a rede mundial de computadores. Foi assim que, em 1º de abril de 2002, Dia da Mentira, nasceu o site E-farsas. Naqueles tempos, “quando era tudo mato”, como dizem os memes compartilhados pelas redes sociais, além de ser lenta e discada, a conexão só podia ser estabelecida por meio de computadores, um privilégio desfrutado por uma pequena parcela da população.
Para Lopes, que acompanhou o surgimento das primeiras redes sociais, as notícias falsas de duas décadas atrás detinham um poder bem menos destrutivo do que as atuais. “Era uma época mais romântica, digamos assim. O que circulava era história de fantasma, história de pessoas que estavam desaparecidas, eram correntes [...] Não tinha ainda uma força política por trás dessas desinformações”, conta.
De acordo com ele, o potencial devastador das fake news foi descoberto por volta de 2016, com a propagação de informações erradas sobre a área da saúde. Também foi naquele ano que, segundo o checador, as narrativas manipuladas passaram a ser inseridas no contexto eleitoral. “A forma de disseminar desinformação é muito mais eficiente hoje em dia. Uma só pessoa consegue transmitir uma desinformação para milhões de pessoas. Isso, exponencialmente, acaba fazendo um estrago muito maior. Infelizmente, como a gente sabe, o desmentido nunca tem a mesma força do boato”, lamenta.
Na opinião do editor-chefe do E-farsas, parceiro da Justiça Eleitoral no Programa de Enfrentamento à Desinformação, o Dia Internacional da Checagem de Fatos simboliza uma relevante etapa de conscientização a respeito dos estragos provocados pela desinformação. “É possível checar as informações antes de sair compartilhando [...] Basta você abrir o navegador e fazer a sua própria checagem, cruzar as informações com vários sites de notícias e chegar à sua própria conclusão”, afirma.
Programa de Enfrentamento à Desinformação
Mais de 160 instituições aderiram ao Programa de Enfrentamento à Desinformação e atuam em colaboração com a Justiça Eleitoral para tornar a internet um lugar seguro e cada vez mais distante da influência nociva das notícias falsas sobre o processo eleitoral. O projeto foi criado em 2019 com a finalidade de promover uma resposta institucional rápida à desinformação que poderia interferir na vontade do eleitorado durante as Eleições Municipais de 2020 e, em 2021, se tornou uma agenda permanente da JE.
BA/LC, DM