Teste da Urna 2025: participação feminina mostra a diversidade na avaliação dos sistemas
Investigadoras contribuem para os planos de teste no evento, que prossegue até amanhã (5)

Iniciada na segunda-feira (1º), a 8ª edição do Teste Público de Segurança dos Sistemas Eleitorais, o Teste da Urna 2025, conta com três investigadoras entre 27 participantes. Ao contribuírem para a execução de planos de testes aprovados pela Comissão Reguladora, as participantes mostram que o interesse feminino em avaliar os sistemas eleitorais cresce a cada dia e de forma permanente. O Teste da Urna ocorre no edifício-sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e termina nesta sexta-feira (5).
Entre as investigadoras, está a professora e pesquisadora Rosângela Eusébio Marques, de 39 anos, formada em Direito e especialista em Direitos Humanos e Segurança Pública. Integrante da ONG Nossa Brasil, de Juiz de Fora (MG), ela atua no Teste da Urna acompanhada por três pesquisadores. Rosângela conta que decidiu se inscrever após compreender melhor o funcionamento do processo eleitoral.

Rosângela Eusébio Marques é uma das investigadoras do Teste da Urna 2025. Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
“A gente participa da democracia na prática na hora do voto. O processo eleitoral é muito longo, e há várias outras etapas em que a gente nem faz ideia do que acontece. Existem todas essas equipes técnicas e comissões. É um mundo que eu não conhecia. Eu estou admirada mesmo com o sistema”, revela Rosângela.
Segundo a professora, as verificações que acontecem durante o Teste da Urna, como a do código-fonte, e a presença de muitos hackers tentando quebrar as barreiras de segurança reafirmam a confiabilidade do processo eleitoral. “Acredito que tudo o que a gente está fazendo é para melhorar. Se for encontrada alguma brecha, a gente vai resolver. É essa a ideia.”
A equipe de Rosângela teve quatro planos de teste aprovados pela Comissão Reguladora. Mesmo sem formação em Tecnologia da Informação, ela se dedicou a estudar o código-fonte e o funcionamento das urnas eletrônicas.
“Estamos tendo resultados positivos. No primeiro teste, a urna identificou um erro e barrou a execução. Agora buscamos outras formas de dar continuidade aos testes e comprovar a integridade do sistema. Queremos confirmar que o voto é secreto e que a segurança eleitoral é garantida”, explica.
Participação feminina e simbolismo

Eloísa Pétala Aparecida Valério incentiva outras mulheres a participar. Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
Outra investigadora é a advogada Eloísa Pétala Aparecida Valério, de 25 anos, especialista em Ciências Criminais e moradora de Curitiba (PR). Ela realizou três planos de teste, todos executados e rejeitados. Segundo Eloísa, esses insucessos demonstram a robustez dos sistemas eleitorais.
Quanto ao fato de o ambiente do Teste Público ainda ser majoritariamente masculino, ela não vê problema. “É importante que estejamos presentes, inclusive para atrair mais mulheres nas próximas edições”, afirma Eloísa, que participa, pela primeira vez, da etapa prática do evento. Em 2023, atuou apenas na fase de inspeção.
Para ela, manter o caráter público do Teste é fundamental. “Ainda existem questionamentos sobre a legitimidade da urna. O teste é aberto justamente para que qualquer pessoa da sociedade possa verificar como funciona e entender que está tudo correto”, diz.
As investigadoras destacam o impacto simbólico da presença feminina no Teste da Urna, que ajuda a ampliar a diversidade e pode motivar a participação de outras mulheres, tanto da área de tecnologia quanto de outros campos do conhecimento.
“Existe uma certa dificuldade para quem não é da área, mas o processo é aberto. Acho importante ter participação feminina. Fica meu incentivo para outras mulheres virem”, diz Eloísa.
O Teste da Urna
Realizado sempre no ano anterior às eleições, o Teste Público de Segurança dos Sistemas Eleitorais possibilita que investigadoras e investigadores (individualmente ou em grupos) examinem, na prática, os sistemas de votação e apuração a serem utilizados nas eleições. O objetivo é identificar eventuais fragilidades nos sistemas, propor melhorias e fortalecer a confiança no processo eleitoral.
AN/EM/DB

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