Começa o Teste Público da Urna 2025
Investigadores externos iniciaram execução de planos de testes para verificar segurança dos sistemas eleitorais

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou, nesta segunda-feira (1º), a etapa mais prática do Teste Público de Segurança dos Sistemas Eleitorais, ou Teste da Urna 2025: a execução dos 35 planos de testes que verificarão a segurança dos sistemas que serão utilizados nas Eleições Gerais de 2026. Nesta fase, 15 grupos, compostos de 27 investigadoras e investigadores, participam, no laboratório de tecnologia montado no TSE, da simulação de ataques reais para verificar a segurança e a resiliência dos sistemas de votação, apuração e totalização.
“É o primeiro grande desafio que acontece um ano antes da eleição. É um desafio tanto deles [investigadoras e investigadores] quanto nosso [Justiça Eleitoral]. O deles é identificar essas vulnerabilidades, e o nosso é, detectando de fato uma vulnerabilidade, ter condições de aprimorar nossas camadas de segurança, para deixar mais fortalecido [o sistema] e aumentar a credibilidade e a confiança da população”, afirma a assessora-chefe da Assessoria de Gestão Eleitoral (Agel) e coordenadora adjunta da Coordenação-Geral dos trabalhos do evento, Sandra Damiani.
Os testes ocorrem até esta sexta-feira (5). De acordo com Damiani, caso algum grupo ou investigador individual tenha identificado algo que precise ser aprimorado nos sistemas colocados à prova, o TSE fará os devidos aperfeiçoamentos. Depois, em maio de 2026, será realizado o Teste de Confirmação, com a presença dos investigadores que obtiveram sucesso em seus planos, para que conheçam as medidas adotadas pelo Tribunal a fim de aprimorar a segurança dos sistemas.
Na edição deste ano, os planos de teste foram avaliados pela Comissão Reguladora de acordo com os critérios estabelecidos no Edital de Chamamento Público nº 10/2025.
Evolução
O Teste Público de Segurança dos Sistemas Eleitorais está na oitava edição. Desde a sua criação, já foram realizados sete eventos (2009, 2012, 2016, 2017, 2019, 2021 e 2023). O Teste da Urna integra o Ciclo de Transparência Democrática e ocorre, em regra, no ano anterior às eleições. Regulamentado pela Resolução TSE nº 23.444/2015, é aberto a cidadãs e cidadãos maiores de 18 anos e reforça o compromisso da Justiça Eleitoral com a segurança, a transparência e a confiabilidade da votação e da apuração dos resultados dos pleitos.
A edição de 2025 registrou recorde de pessoas interessadas em participar: foram apresentadas 122 inscrições de planos de testes por 149 pessoas. Após a análise da Comissão Reguladora e o fim dos prazos recursais, 38 planos foram aprovados para execução durante a semana do TPU, envolvendo-se 17 inscrições e 27 participantes. Contudo, depois da desistência de participantes, serão efetivamente colocados em prática por 27 investigadoras e investigadores 35 planos de testes.

Participação da sociedade civil
Pesquisador e instrutor na área de Segurança da Informação, o professor Carlos Alberto da Silva, da Faculdade de Computação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), participa ativamente dos testes de segurança das urnas eletrônicas com seus alunos desde 2021. Ao longo desses anos, ele atesta o aprimoramento contínuo do sistema de votação.
"Ele [o sistema de votação] está cada vez mais aperfeiçoado, cada vez mais testado, porque é esse o objetivo dos testes", observa o professor. Contudo, segundo ele, essa evolução aumenta o desafio para os investigadores: "A cada ano, a gente percebe que os testes têm que ser cada vez mais profundos, têm que tentar cada coisa diferente para tentar achar vulnerabilidades. Então, nesse aspecto é que a gente tenta colaborar com o processo.”
Para a advogada e professora Rosângela Euzébio Marques, uma das três mulheres inscritas como investigadoras do Teste da Urna, a participação eleitoral, como expressão e exercício democrático, não deve se restringir apenas ao voto. Ela defende que o engajamento da sociedade deve ir além do momento na cabine de votação.
“A gente só participa ali na hora do voto, diretamente na urna, mas a sociedade precisa também buscar essas informações e participar mais para a gente entender como é que funciona todo esse processo. Então, isso, de fato, é a gente exercer o nosso poder de cidadania”, afirma.
O presidente do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), Antônio Amauri Malaquias de Pinho, que participa do evento como representante de instituição fiscalizadora, ressalta a extrema importância do acompanhamento dos testes das urnas eletrônicas por parte dos representantes dos partidos políticos. Ele destacou que o processo oferece a oportunidade de aferir a confiabilidade do sistema eletrônico de votação.
“Está sendo dada a nós e à sociedade a oportunidade de acompanhar os testes e de ter condições de questionar ou não a confiabilidade da urna eletrônica”, afirma. De acordo com ele, apesar de o sistema ser um dos mais seguros do mundo, a participação da sociedade é fundamental: "Entendemos que é importante esse momento para que a gente possa aferir se há alguma irregularidade, se há alguma fragilidade.”
RL/LC/DB
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