Mais de 5,9 mil pessoas com deficiência atuaram como mesárias nas últimas eleições

Em quatro anos, o número de mesários com esse perfil mais do que dobrou. A maioria é composta de mulheres

Mesário com deficiência  17.10.2025
Mesário com deficiência atende eleitor na seção eleitoral. Reprodução TRE-PR

O psicopedagogo Veimatos Caldeira Duarte, de 52 anos, pessoa com deficiência visual desde os 30, atuou pela primeira vez como mesário voluntário no pleito de 6 de outubro de 2024, em Goiânia (GO). No 1º turno, ele também exerceu o direito ao voto na escola onde é eleitor, no bairro Marista. “Exerci a minha cidadania em um dia importante para a nossa democracia”, afirma. O profissional foi um dos mais de 5,9 mil mesários com deficiência que atuaram nas Eleições Municipais de 2024. “A gente se sente útil. Se eu posso fazer, outras pessoas com deficiência também podem”, destaca. 

A oportunidade de ser mesário surgiu do incentivo de uma colega de profissão que havia se voluntariado para trabalhar nas eleições. Para que não houvesse restrições no dia do pleito, a seção em que atuou foi adaptada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) para recebê-lo: o caderno com o nome e o número do título de cada eleitor foi digitalizado, e o computador em que ele trabalhou ganhou um leitor de tela.  

“Funcionava assim: a segunda mesária recebia os documentos e me falava o número do título de eleitor. Eu digitava no computador, passava para a presidente, e a presidente liberava a urna eletrônica para a pessoa votar”, conta. 

A adaptação de sistemas e sites a fim de ampliar o acesso da pessoa com deficiência no exercício do voto em condições de igualdade é um dos itens previstos na Resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nº 23.381/2012, que instituiu o Programa de Acessibilidade da Justiça Eleitoral. “É só dar oportunidade e condições que a gente trabalha”, afirma Veimatos.

Em quatro anos, o número de mesárias e mesários que se autodeclaram com deficiência mais do que dobrou: passou de 2.395 nas Eleições de 2020 para 5.944 no último pleito, de acordo com dados do Cadastro Eleitoral. A maioria foi de mulheres (57,36%), enquanto os homens representaram 42,64%. Entre as deficiências mais comuns entre os mesários, está a de locomoção (1.465), seguida pela deficiência visual (1.049) e pela auditiva (693).  

A acessibilidade às pessoas com deficiência no processo eleitoral é garantida pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).

O que faz um mesário?  

Os mesários passam por treinamento oferecido pelos TREs e recebem várias orientações, entre elas instruções sobre como ajudar e orientar os eleitores com deficiência ou mobilidade reduzida a exercerem o voto. Devem, por exemplo, ajudar os colaboradores que atuam no dia da votação, ficar atentos à fila de votação e dar prioridade, na hora do voto, às eleitoras e aos eleitores com deficiência, com mais de 60 anos, às gestantes, às lactantes e àqueles acompanhados por crianças de colo.

Como ser mesário?  

A Justiça Eleitoral mantém uma página especial dedicada aos mesários. Lá, é possível conferir o passo a passo sobre como se inscrever, além de tirar as dúvidas sobre as funções a serem desempenhadas no dia da eleição.

Quem pode se candidatar?

Qualquer eleitora ou eleitor com mais de 18 anos pode se candidatar à função, desde que esteja em dia com a Justiça Eleitoral. A consulta da situação pode ser feita no Autoatendimento Eleitoral.   

Depois de se inscrever para atuar como mesária, a pessoa passa a fazer parte de uma lista. Assim, quando houver necessidade, quem se candidatou poderá ser convocado pela respectiva zona eleitoral.

Campanha de acessibilidade para votar nas Eleições 2026

Atualmente, o Brasil tem, aproximadamente, 1,4 milhão de eleitoras e eleitores com deficiência registrados no cadastro eleitoral. Uma das missões da Justiça Eleitoral brasileira é garantir a inclusão de todos os que tenham alguma limitação para o exercício do direito de votar, de participar e de ser votados.

Para assegurar que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida tenham acessibilidade no dia das eleições, o TSE lançou a campanha nacional “Votar é meu direito. Garantir meu acesso ao voto é dever da Justiça Eleitoral”. O objetivo é incentivar esse público a informar a própria condição no Portal do TSE ou diretamente nos cartórios eleitorais. Dessa forma, nas Eleições Gerais de 2026, a Justiça Eleitoral poderá direcioná-las para locais de votação mais acessíveis e adequados às respectivas necessidades.  

O eleitorado com deficiência ou mobilidade reduzida pode solicitar, antecipadamente, a transferência para uma seção eleitoral adaptada, com rampas ou elevadores, por exemplo. O pedido deve ser feito até 151 dias antes das eleições pelo Autoatendimento Eleitoral, no site do TSE e dos TREs ou ainda nos cartórios eleitorais. 

Na página do Autoatendimento Eleitoral, basta ir até o campo “Título Eleitoral” e, em seguida, clicar na opção “4”. Para acessar o serviço, é necessário informar o número do título de eleitor ou do CPF, a data de nascimento e o nome da mãe e do pai. Vale lembrar que não é preciso anexar nenhum documento que comprove o tipo de deficiência. 

Confira o passo a passo na Página da Acessibilidade.

DV/LC/DB/TG  

Leia mais:  

14.10.2025 - TSE lança página na internet sobre acessibilidade nas eleições   

30.09.2025 - TSE lança campanha nacional para garantir locais mais acessíveis de votação às pessoas com deficiência 

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